Vale a pena mudar de país?

Uma das perguntas que mais me fazem é: vale a pena mudar de país?

Leonardo e Priscila na muralha de Warwick Castle.

Há aqueles que respondem que sim, outros prontamente dizem que não, e eu vou de “depende”, pois uma decisão como essa envolve algumas questões importantes que devem ser pensadas ANTES da mudança.

Motivação

A primeira questão é pensar nos motivos pelos quais você gostaria de mudar de país. Ser realista quanto a isso é construir a base, o sustento dessa possível mudança. Quando ficamos empolgados com algo, tendemos a não fazer questionamentos que possam quebrar essa empolgação. Mas se não feitos, podem levar à frustração e arrependimento.

Por que você quer isso? O que você espera realizar nessa nova etapa?

Essas perguntas podem parecer clichê, mas elas são norteadores para você entender se é realmente isso que quer ou se é algo temporário, além de te ajudar a planejar os próximos passos.

Cultura

Resolvido isso, você vai definir qual país seria seu destino. As diferenças culturais existem e vão te trazer um desconforto inicial. Ter curiosidade ou até mesmo alguma afinidade com o país pode te ajudar a se adaptar melhor.

Entenda que você não vai transferir a sua vida de um país para o outro; cada país tem a sua forma de lidar com questões burocráticas e sociais. Isso não significa que você precisa deixar de lado a sua cultura, mas não aceitar que você está em um novo contexto que espera coisas diferentes de você é a receita para a frustração.

Nesse pacote, inclua a língua falada. Você possui conhecimento ou precisaria aprender do zero? Hoje é muito mais fácil se virar em outro país se você não souber nada da língua nativa. Temos o Google Tradutor, redes sociais que permitem entrar em contato com comunidades de brasileiros em qualquer lugar.

Fato é que, mesmo que você tenha acesso a esses recursos, conhecer minimamente a língua do novo país é importante para entender como as coisas são feitas e se adaptar a essa nova realidade. Somos seres sociais, portanto, necessitamos da comunicação. Você está disposto a se aperfeiçoar nesse novo idioma?

Família e companhia

Essa adaptação também pode ser influenciada se você vai sozinho ou com alguém. Ter uma pessoa para dividir as dificuldades e ser um apoio nos momentos difíceis faz diferença, mas não ter não te limita em viver uma boa adaptação. Em ambos os casos, é importante buscar construir laços e isso pode ser feito através de atividades em grupos que, além de possibilitar essa aproximação, também te permite entender melhor os costumes.

Lembre-se de que as pessoas que ficam também serão o seu apoio.

O contato à distância com familiares e amigos é facilitado pelas redes sociais e pode se tornar muito mais rico com a troca de experiências, mas não se engane, a saudade do contato físico não pode ser substituída e você precisa estar ciente de que vai precisar aprender a acompanhar celebrações à distância, assim como lidar com os momentos de tristeza e perda de uma forma diferente.

Escolher mudar não significa que você ama menos a sua família, mas sim que você está construindo a sua vida. O amor não é geográfico.

É uma vida nova, mas isso não significa que você apagou a anterior.

Não ache que os seus problemas vão acabar se você se mudar. Podemos mudar nosso endereço, mas não mudamos da noite para o dia a forma como percebemos e lidamos com as situações. Se você quer mudar de país como uma forma de recomeçar do zero e esquecer os problemas, vai estar criando uma expectativa irreal para essa experiência.

Antes, aprenda a lidar com as suas emoções e como você tem enxergado esses problemas, assim você vai estar mais resiliente para lidar com os desafios que vão surgir e realmente construir um novo recomeço. Busque terapia.

É difícil, mas também gratificante

Aqui, eu só posso falar da minha experiência na Inglaterra. Mesmo com as dificuldades, a qualidade de vida, a segurança e as possibilidades profissionais ajudam a superá-las. Não é fácil, mas vejo nos meus motivos congruência com os meus valores e objetivos de vida.

Aprendi a lidar com muitas perdas, pois você perde o conhecido, o confortável, o relativamente seguro, para viver o novo, e isso exige aprender a lidar com momentos de alegria e, também, de dor à distância. Isso é crescer e amadurecer.

E se você se permitir experimentar esse novo contexto, saiba que você pode viver experiências incríveis se alinhá-las aos seus valores e objetivos.

No final, só você vai saber responder se vale a pena ou não. Considere esses pontos e reflita sobre os seus objetivos de vida.

Já dizia Friedrich Nietzsche: Quem tem um “porquê” enfrenta qualquer “como”.


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